No início do mês de junho, o prefeito de Mariana, Duarte Júnior, esteve em Brasília para se reunir com o presidente em exercício Michel Temer. O motivo: pedir o aval do Governo Federal para o retorno das atividades da mineradora Samarco no município, afetado pelo maior desastre ambiental brasileiro. O apelo demonstra a importância da atividade minerária para o desenvolvimento econômico de cidades, gerando receitas e empregos de forma direta e indireta. A esse respeito, os gráficos a seguir apresentam como o município de Mariana tem sua economia dependente da atividade: o produto respondeu por 99,7% das exportações em 2015 e a atividade econômica de extração correspondeu a 29% da renda total do mercado de trabalho formal da cidade em 2014.
Como toda commodity, o valor de venda do minério de ferro é definido pelas relações de oferta e demanda internacionais. Assim, suas oscilações, regidas pelo mercado, vão impactar diretamente na economia de cidades que possuem a mineração como carro chefe da sua atividade econômica. Para melhor entender essas oscilações do mercado e tentar prever os impactos no desenvolvimento econômico de municípios, a Federação das Indústrias de Minas Gerais (FIEMG), divulga o relatório Monitor Econômico. O estudo apresentou de forma detalhada como está a balança comercial mineira e mostrou como as receitas com exportação do Estado seguem sendo negativamente influenciadas pelos baixos preços das commodities, em especial o minério de ferro.
A redução no preço da commodity no mercado à vista (na comparação com março/2015) também influenciou o recuo no valor exportado do produto. No entanto, o movimento de recomposição dos estoques chineses ocorrido no primeiro trimestre elevou em 3,2% o preço do mineral, na comparação com o último trimestre de 2015. Em dezembro de 2015, a média de preço foi de US$ 40/tonelada e em março deste ano, US$ 56/tonelada.
De acordo com a FIEMG, nos três primeiros meses do ano a recomposição nos estoques de minério de ferro da China impulsionou o preço do produto, elevando ligeiramente a projeção para 2016, passando de -21,4% para -19,6%. Desta maneira, a FIEMG projeta que, apesar do anúncio de estímulo ao crescimento no curto prazo pelo governo chinês, a demanda pelas commodities minerais deve ser contida em 2016, uma vez que as expectativas de enfraquecimento do mercado imobiliário naquele país ao longo do ano perduram. Por outro lado, a oferta do produto deve aumentar no ano.
A China continua sendo a principal compradora do minério brasileiro e percebe-se forte volatilidade dos preços internacionais desse bem, estabelecidos principalmente pela relação entre a oferta e a demanda da economia chinesa.
O estado de Minas Gerais é dependente da produção de minério de ferro e, por isso, seus agregados econômicos são afetados em grande medida pelas oscilações no preço do produto, notadamente o seu crescimento econômico, nível de emprego e exportações.
Considerando este panorama da pauta de exportações, neste primeiro trimestre de 2016, a economia do estado de Minas Gerais foi afetada positivamente, ainda que de maneira tímida, pelo real depreciado (US$ 3,45) e também pela recente alta nos preços mundiais da mesma commodity (US$ 70,46). Basta observar os resultados da Vale, a maior empresa mineradora do Brasil, que no primeiro trimestre de 2016 demonstraram claramente este movimento e a possibilidade de melhorias na economia por meio de ganhos expressos pela sua geração de caixa e investimentos.
Finalmente, é importante destacar que é esperado que a volatilidade dos preços do minério de ferro (influenciados principalmente pela indústria chinesa), assim a como a volatilidade cambial (influenciada principalmente pelo momento político econômico brasileiro), continuem trazendo incertezas para o Brasil e para Minas Gerais no que se refere ao desenvolvimento econômico.